[URL=http://imageshack.us/photo/my-images/833/homemdeferrosenna640x48.jpg/][IMG]http://img833.imageshack.us/img833/3257/homemdeferrosenna640x48.jpg[/IMG][/URL]

Bilhete ao Vinicius, onde quer que ele esteja

Bilhete ao Vinicius

              (bilhete ao grande, Vinicius de Moraes,
                        apreciador da amizade)

Não sei não...
É mais como se eu quisesse um afago no coração
um beijo, um abraço, um aperto de mão
tua alma-amiga, tua alma, irmão

pensamentos telepáticos
                     refúgio cotidiano
blablabla esporádico
                     entendimento mútuo
sobre as loucuras do mundo
onde loucas pessoas não prezam pelo profundo
um laço,
um abraço,
um amasso

Profundo.

Vinicius, me ajuda, que os tempos são outros
Ao invés de tão sóbrios, cumplices, tão loucos
se tornaram velhos, egoístas e tolos
Indivíduos tão individuais,
falsos felizes nas sociais.

E eu tenho tanto medo, em segredo
de incomodar suas vidas... vividas? Sofridas!

É, Vinicius, meu caro
Quem me dera teus corações,
                    teu coração!
Sobre esse tudo posso não ter razão,
mas eu tenho meus motivos.

Poesia de toda obra

o poeta escancarado não é poeta
pois só o é o comum, aspirante, sem meta
vivido, não vivo
os íntimos desconhecidos da tola supérflua
dependentes da independência

Poetas!

um
grito
escondido
na
palavra
rabiscada
              tocado ao relevo,
releva
                            alento,
bem lento,
                           o talento
inato
e a graça se expressa
nos expressivos
gestos da lavadeira
        cantigas da arrumadeira
                 odores da cozinheira
                        luta das trabalhadeiras

poesia da vida
que se declama inteira
sem hora, sem eira
sem classe, nem beira

vivido, não vivos
mas livres

Poetas!
                 
Ê, poetas!

Exatos

O primeiro era loiro
o segundo loiro e José
o terceiro, José e sambista
o quarto, sambista e pintor
o quinto, um pintor e poeta
o sexto, poeta e suicída

e no fim das contas,
multiplicações por zero,
operações inválidas,
aderiu as humanas e largou as exatas,
e continua procurando
o que(m) tanto procurava...

AutoRetratoEgoísta

Pode ser Carol,
pode ser Maria
Pode ser quente,
pode ser muito fria
Pode andar de noite,
mas prefere andar de dia
E sempre quer fazer coisas
que o comum não lhe traria

É egoísta até
ao escrever uma poesia
Talvez seja isso que lhe causa dor,
pouca alegria
E pessoas e pessoas,
e pessoas e partidas
E sua expectativa,
que nunca se contraria
Quer ser Carol,
também quer ser Maria
Mas quer,
Além de tudo,
                       não
                       ser
                       mais
                       uma
                       metonímia

Sublime

Hoje o sol bateu na minha janela,

E eu só tenho a agradecer,

Porque enquanto eu luto pra continuar sorrindo,

Refaço, não sem dor, todo o meu caminho

Para enfim encontrar a paz

E seu show fantástico me soa falso

É visível, piedoso e trágico

E agora que todos soltaram sua mão,

Eu lhe pergunto: Você saberá fazer o caminho de volta,

E, acima disso, terá coragem de fazê-lo

Quando toda cura e felicidade do mundo nos envolve

Sem sombras de dúvidas, mentiras e egoísmos

Tornando-nos únicos e verdadeiramente felizes?

Tempos Contemporâneos

Foi se o tempo, foi se a aura
De longas ideias, intensos anseios
De grandes conquistas, imensa bravura
De bocas abertas, de ausência do medo

Foi se o tempo de laços fiéis
Abraços sinceros, sorrisos singelos
De construção, ora, de tenras ambições
Sem facas, sem dor nem flagelos

Foi se o tempo de um espírito jovem,
o rosa tão cedo tornou-se vermelho
a liberdade tão almejada carece de tempo
vestígios relanceados por olhares sonolentos

Foi se o tempo de livre arbítrio,
poder poluído que impõe a conduta
ir e vir agora tem regras
para bilhões de pessoas que se fazem surdas

Foi se o tempo que havia sentido
Na melodia feita, num verso escrito
protesto presente, mas sempre sublime
opinião dita e nunca escondida

Mas um belo dia há de ter,
e eu prezo, não rezo, que há de ter
ideologia, cantos e risos
que tragam de volta, apenas isso
a desmedida vontade do povo de ser.